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Neste blogue iremos encontrar (ou reencontrar) pedaços da imaginação e criatividade humana nas mais diversas formas e feitios - Livros, Banda desenhada, Cinema, TV, Jogos, ou qualquer outro formato.

Viajaremos no tempo, caçaremos vampiros e lobisomens, enfrentaremos marcianos, viajaremos até à lua, conheceremos super-heróis e muito mais.

AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


quarta-feira, 29 de junho de 2016

Day Of The Tentacle




Na minha adolescência (e início de vida adulta) nos anos 90, e sendo uma fase da minha vida em que eu "devorava" jogos de computador, tive hipótese de desfrutar de um género que teve o seu apogeu nessa época, antes de ficar meio esquecido e, recentemente, começar a contar com uma série de novos títulos (e com ofertas interessantes): as aventuras gráficas do género point & click.

Já falei de algumas aventuras gráficas aqui, sendo a mais antiga a Phantasmagoria, publicada já numa altura em que o género estava em declínio.

Day Of The Tentacle (ou DOTT, como era conhecido), contudo, é outra louça. Vem do tempo áureo dessas aventuras, em que fomos brindados com numerosas peças espectaculares, muitas delas provenientes de duas casas emblemáticas: a LucasArts e a Sierra.

DOTT, datado de 1993, foi um presente da LucasArts e era a continuação (mais uma "sequela solta") de um outro jogo, Maniac Mansion. Aliás, o Maniac Mansion estava incluído no DOTT. Era possível jogá-lo, estando acessível através do uso do computador no quarto de um dos personagens com quem interagíamos.

Além de fazer uso de coulrofobia, DOTT usava o mítico interface SCUMM
nas interacções com o mundo do jogo.

De resto, não era necessário ter jogado Maniac Mansion (eu, pessoalmente, nunca o terminei) para nos divertirmos com DOTT, embora houvesse referência a eventos do primeiro jogo na história, bem como alguma metafísica (envolvida em certos puzzles) acerca de os personagens do jogo terem dado origem a... um jogo. Bem como a uma série de TV - o que é verdade, pois houve uma série homónima do Maniac Mansion, que pelo que sei, era apenas muito vagamente relacionada com o jogo. Vagamente, como em "série com mesmo nome e alguns personagens com o mesmo nome e pouco mais".

Os heróis: Bernard, Laverne e Hoagie
Mas voltando ao DOTT, o jogo era uma delícia. Tínhamos a hipótese de controlar 3 personagens distintos, Bernard (o único "veterano" do 1º jogo, um nerd cuja semelhança física com Bill Gates não me parece coincidência), Laverne (uma assustadora estudante de medicina) e Hoagie (um aspirante a roadie para bandas rock). De regresso estava a mansão e a família Edison do 1º jogo, bem como os tentáculos.

Aliás, a história volvia em torno de um dos tentáculos (sim, o Dr. Fred Edison tinha tentáculos como animais de estimação - e tal como um personagem no jogo dizia, ainda não percebi como é que eles falam e comem por uma ventosa), o maligno tentáculo roxo, que ganha braços após contactar com lixo tóxico e resolve conquistar o mundo.

O tentáculo verde (o bonzinho) pede ajuda aos heróis, e o Dr. Edison resolve mandá-los para trás no tempo, na sua máquina do tempo activada por um diamante de imitação, para impedir a mutação e evitar o embróglio todo. Mas como o diamante era falso, a coisa não corre bem. Bernard fica no presente, Laverne vai parar 200 anos ao futuro, quando os tentáculos governam o mundo, e Hoagie aterra 200 anos no passado, conhecendo personagens históricos como George Washington, Ben Franklin e Betsy Ross, só para nomear alguns.

Viajando no tempo em grande estilo: em casas de banho de exterior,
também conhecidas como... Chron-o-Johns...

...conhecendo personagens históricos...

...ou descobrindo um futuro desanimador. Para os humanos, isto é.

Além do humor excelente (tínhamos elementos curiosos, como concursos de beleza para humanos amestrados, que tínhamos de vencer embelezando uma múmia; martelos para esquerdinos e brigadas agressivas do fisco), a mecânica dos puzzles era não linear e muito interessante, por dar envolver precisamente os gaps no tempo. Muitos eram resolvidos com uma acção numa época que produzia resultados noutra (por exemplo, cortar no século XVIII a árvore na qual Laverne ficava encalhada no século XXII), assim como podíamos enviar objectos de umas épocas para outras.

No futuro sinistro, múmias ganham concursos de beleza!
Parabéns, Dead Cousin Ted!


Recentemente tive oportunidade de reviver a aventura, desta vez numa versão "remastered" em HD lançada há pouco tempo mas completamente fiel ao original. E apesar de a passagem dos anos (e a minha experiência prévia de o jogar múltiplas vezes na adolescência) me ter feito o jogo parecer mais fácil que antes, ainda é uma aventura que vale bem a pena.

Comparação entre as versões antiga e moderna. A ensaboadela foi essencialmente
estética - apesar de se poder optar por um interface novo, o jogo é basicamente
o mesmo. Felizmente.