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Neste blogue iremos encontrar (ou reencontrar) pedaços da imaginação e criatividade humana nas mais diversas formas e feitios - Livros, Banda desenhada, Cinema, TV, Jogos, ou qualquer outro formato.

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AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

Death Star

Com a aproximação do episódio VII da saga Star Wars, e com todo o processo de reformulação do universo expandido associado, resolvi "limpar" o material que ainda não tinha lido do antigo cânone, antes de abraçar o novo.

Um desses itens é este livro, Death Star, escrito por Michael Reaves (escritor de alguns volumes do universo expandido) e Steve Perry (o mesmo que nos presenteou, entre outras coisas, com o excelente Shadows of the Empire).

Enquanto me decidia sobre qual dos livros pegar a seguir, apercebi-me que este livro levou um bocado de porrada nas críticos, alegadamente por ser muito técnico e aborrecido.

Pessoalmente, não concordo. Tal como muitos tie-ins do defunto universo expandido (agora chamado "Lendas"), explora uma série de detalhes relacionados com a estação de combate titular, a vários níveis e de um modo que não seria exequível no filme (a Estrela da Morte em causa é a primeira das duas). E é um livro que faz uma ligação bastante boa com o filme, reproduzindo mesmo algumas cenas emblemáticas do ponto de vista dos vários personagens, por vezes com uma perspectiva bastante diferente da que o filme apresenta ao espectador.

Conta-nos a história da concepção e construção da mesma, e sim, é verdade, com vários detalhes técnicos, como problemas relacionados com a construção, elabora sobre o funcionamento de armamento, mas nunca num nível de detalhe que chateie, a meu ver, mas sim em quantidades que ajudam o livro a parecer mais real.

Também foi criticado por não ter um enredo propriamente dito. Bem, isso é e não é verdade. O livro é, de certo modo, a "biografia" da Estrela da Morte, e toda a gente que conhece Star Wars sabe como é que ela acaba... Assim, de certa forma, o livro é um aglomerado de episódios e histórias de personagens individuais a acompanhar a estação espacial desde a construção até à sua destruição.

E é nos personagens que o livro tem alguns dos seus pontos fortes. O elenco inclui elementos variados, desde civis (como a Twi'lek Memah Roothes e o criminoso Celot Ratua Dil) a militares (incluindo o próprio Moff Tarkin). E, claro, o próprio Darth Vader.
Ao longo do livro vamos conhecendo as suas perspectivas, que normalmente vão do fascínio e até entusiasmo pela Estrela da Morte até ao horror quando se apercebem que ela não foi concebida  para assustar, mas sim para efectivamente destruir planetas inteiros. 
Aliás, o livro inclui as reflexões de Tarkin e Vader sobre o assunto, e sobre o poderio militar absoluto. Também nos oferece um pouco mais sobre a relação entre ambos, uma mistura interessante de respeito relutante com desagrado e até algum desprezo pelo que o outro representa. Na outra ponta do espectro, temos o exemplo do artilheiro Tenn Graneet, cujo orgulho em ser uma figura de proa na estação (comandando uma das equipas que realizava os disparos do superlaser) se deteriora em horror com a consciencialização das consequências dos seus actos - por ter sido quem puxou a alavanca que fez matar os planetas.
O livro tem uma série de tiradas interessantes sobre as implicações de governar pelo terror técnico absoluto, e claro, sobre o próprio acto de fazer explodir planetas. Algumas das minhas preferidas...

"He'd let himself believe there was a limit to inhumanity - that there could be such a thing as a weapon too powerful to use. But such was obviously not the case. There were, it appeared, no depths to which sentient beings could not sink. Build a blaster that could destroy a planet, and some bigger fool would build one that could extinguish a star. It would go on and on, insanity without end, because there's always a bigger blaster."

ou

"There was no sense of triumph in it, none. He had not destroyed a Rebel base or a military target. Instead, a planet full of unharmed civilians had been... extinguished. And he had done it. It made him feel sick."

e

"Killing civilian populations on a planetary scale was evil beyond comprehension. Nova could fight a room full of men straight-up, face-to-face, and if he had to kill half of them to survive, he'd do it. But he hadn't signed on slaughter children asleep in their beds."

O livro mostra-nos, então, os aspectos mais intensos da humanidade em torno da Estrela da Morte, quer pelo lado melhor quer pelo lado pior. Quer através das pessoas comuns que se revoltam contra a existência do terror tecnológico que ajudaram a construir ou a fazer funcionar, quer através daqueles, como Tarkin, que o usam sem qualquer escrúpulo para obter os seus fins, chacinando milhões de inocentes.

Mostra também que, ao destruí-la, Luke Skywalker, no processo de eliminar a monstruosidade imperial também se tornou um assassino de massas ao matar milhares de civis e mesmo militares que potencialmente se virariam contra o Império ao aperceberem-se do regime de terror desabrido, cruel e completamente desumano que a estação espacial representava.
Será que ele ficou com problemas de consciência por isso? Ou nem se apercebeu?

Sem dúvida, essa questão dava um bom livro...