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AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Death Of The Family



Death of the Family é um ensaio em horror, loucura e obsessão.

Esta saga, cujo nome é reminiscente de uma outra, também envolvendo o Joker, chamada A Death in the Family (a infame história em que Joker mata Jason Todd, o segundo Robin), é um exemplo de por que é que Scott Snyder se tornou um dos escritores de BD mais relevantes da actualidade.

Temos um Joker totalmente insano, imprevísivel e como tal, aterrorizador, a provocar morte e miséria com base numa ideia delirante. Conseguiu transmitir-me a sensação de desconforto com a mera presença do personagem como senti quando vi a actuação de Heath Ledger a interpretar a sua versão deste louco.

A história passa-se um ano após o desaparecimento do Joker na série Detective Comics, no mesmo evento em que o criminoso fez com que lhe removessem a cara, deixando-a para trás como um troféu, ou melhor ainda, como um cartão de visita.

Só isso já é perturbador que baste. Mas, então, Joker regressa, provocando um blackout na central da polícia de Gotham, apenas para invadir a mesma, matar 19 polícias só com as mãos e recuperar a sua cara, que está conservada em frio como prova. Esta sequência é desesperante, feita do ponto de vista de Jim Gordon, que, completamente às escuras, apenas ouve os protestos, ameaças e gritos dos seus agentes a serem sequencialmente extintos.

Mais tarde, Joker ataca a "Bat-Família" (Os Robins, Batgirl, Red Hood, Nightwing e mesmo a Catwoman e Alfred - este último pela sua associação à Batman, Inc). O porquê?

Joker decidiu que os companheiros e aliados de Batman o enfraquecem. Vê Batman como um rei, e a si próprio como o bobo da corte, aquele que diz as verdades inconvenientes. E a verdade é que Batman, ao apoiar-se na "família", se tornou mais fraco, aos olhos de Joker, o que este não tolera.

Assim, vai perseguir os vários membros e capturá-los, com vista a provocar a sua mutilação e morte num evento final, com Batman a assistir. Pelo caminho, ficam as insinuações que descobriu as suas identidades secretas, algo em que Batman não acredita. As várias histórias da saga (a principal escrita por Snyder e ilustrada por Greg Capullo, as restantes por outros autores, dado serem tie-ins nos vários títulos da Bat-família) também criam essa dúvida, mas em última instância, presume-se que é mesmo bluff do Joker. Inclusivamente, segundo o Cavaleiro das Trevas, na sua loucura, Joker não quer saber quem são na realidade Batman e companhia, apenas as suas identidades como heróis são válidas e apenas essas interessam. O que não o impede de torturá-los com insinuações de ataques às suas famílias (ou no caso de Batgirl, ao ameaçar-lhe a mãe mesmo sem saber de quem se trata), provocando uma tensão constante.

O confronto com Joker no Asilo Arkham é outro ponto alto, com as torturas aos guardas a mostrar a insanidade assustadora do vilão, que vê nisso uma oferta a um Batman pelo qual tem uma relação doentia de amor-ódio que nos deixa desconfortáveis. Esses aspectos não são tão patentes nos títulos tie-in, mas os mesmos não desiludem, cada qual tenta capturar os horrores de Joker à sua maneira.

Ah, e o meu detalhe favorito: Joker usa a sua própria cara como se fosse uma máscara, suspensa com ganchos e fivelas. Pondo de lado o irrealismo de tal façanha, é um detalhe morbidamente fascinante, que cada autor aproveita à sua maneira, com maior ou menor sucesso. Indo mesmo ao detalhe de a pele/carne se começar a desagregar e estar rodeada de moscas.

Sem querer acrescentar mais informação, dado que este post já é um spoiler enorme, quero acabar só realçando e elogiando a montanha-russa psicológica que é esta história. Uma que mostra que, mais que o Batman, o Joker pode ser uma personagem brilhante, que nos provoca mal-estar apenas por sabermos que anda por aí.
Um Joker psicótico a sério, muito longe da versão apatetada da BD dos anos 60... que culminou com Cesar Romero a interpretar o personagem com o bigode pintado de branco só porque não o quis rapar...

Um rosto que nem uma mãe poderia amar...



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