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AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


domingo, 19 de maio de 2013

Man of Steel, de John Byrne

O ano era 1986. A DC Comics iniciara, recentemente, uma reformulação do seu multiverso através do evento Crisis on Infinite Earths (Crise nas Terras Infinitas).

A ideia era unificar os vários universos e as várias versões dos super-heróis, alguns dos quais acumulavam décadas de continuidade, muitas vezes contraditórias, e formar um universo novo e coeso, também de modo a facilitar a adesão de novos leitores, tentando simultaneamente não alienar os leitores de mais longa data.

O Super-Homem, naturalmente, foi um dos visados, e foi atribuída a John Byrne a tarefa de reimaginar o herói, adaptado aos anos 80, voltando à sua origem mas mantendo o que fazia do herói uma lenda.

E Byrne assim fez, nesta mini-série "Man of Steel", que depois teve continuidade nas publicações regulares do personagem. Ao longo de 6 números, Byrne recriou o personagem de acordo com os novos cânones da DC Comics.

A origem
Assim, no nº 1, temos o retrato do fim do planeta Krypton, com Jor-El, pai de Kal-El (o nome kryptoniano do nosso herói) a preparar uma solução de último recurso para salvar o filho - enviá-lo para um planeta retrógrado com uma população que os kryptonianos consideram bárbara... o planeta Terra, onde o bebé iria adquirir, graças ao sol amarelo, poderes que o iriam tornar um líder de homens, um semi-deus. Vemos a chegada da nave (na realidade, uma matriz de gestação com um propulsor), o nascimento de Kal-El na Terra e a adopção por um casal, Jonathan e Martha Kent, que o criam como seu filho, Clark Kent. Jonathan, quando Clark atinge a maturidade, revela-lhe a sua origem alienígena.
Anos mais tarde, Clark viajou pelo mundo a tentar fazer uso dos seus poderes para ajudar a humanidade, mas após ser exposto quando impediu a queda de um vaivém em Metrópolis, o que levou a que toda a gente "quisesse um pedaço dele", fugiu, num misto de horror e repulsa pelo comportamento dos outros, acabando por retornar a casa dos pais.
Surge, então, a ideia de criar uma identidade dupla - uma identidade heróica, em que Clark usa um fato colorido feito pela mãe, e que lhe permite usar os seus poderes a ajudar a humanidade sem necessitar de se esconder, e outra, uma identidade civil, que lhe permite viver entre os homens e levar uma vida normal.



Super-herói em início de carreira...
No nº 2, o Super-Homem começa a aparecer mais frequentemente em Metrópolis, a impedir crimes, a salvar vidas, entre outros feitos heróicos. A jornalista Lois Lane, uma das pessoas que ele salvara no vaivém, no número anterior, tem um "acidente", caindo à agua no interior do seu carro, levando a que seja salva pelo herói, com quem tem uma longa conversa... que ela utiliza para escrever um artigo sobre o Super-Homem, algo com potencial para ser a entrevista do século. Ou assim ela pensa, pois quando chega ao seu jornal, o Daily Planet, o seu editou já tem uma entrevista completa com o super-herói, escrita por um jornalista recém-chegado. O nome do jornalista? Clark Kent.

Primeiro encontro entre duas lendas

No nº 3, temos o primeiro encontro entre o Homem de Aço e Batman, em termos pouco amigáveis. O Cavaleiro das Trevas também foi alvo de um recontar da origem, no Batman: Year One de Frank Miller, e estava a ser redefinido como um personagem mais escuro. Juntos conseguem capturar a ladra Magpie; nesta fase o Batman ainda era um iniciante (tal como o Super-Homem), e apenas conseguiu que o Kryptoniano não o tentasse capturar mostrando-lhe ter em seu redor um campo de forças que, caso o Super-Homem o tentasse agarrar, faria explodir uma bomba que Batman tinha posto num inocente. O Homem de Aço alia-se contrariado ao Cavaleiro das Trevas, que no fim revela que a tinha colocado a bomba... em si próprio. Nesta fase, ainda estavam longe de desenvolverem a amizada que os viria a definir como "the world's finest".

Um novo Luthor, tão perigoso como antes
No nº 4 temos a primeira grande aparição de Lex Luthor. Para trás fica o "cientista louco" apostado em derrotar o Super-Homem. Nesta versão, Luthor é um empresário de renome, extremamente rico e poderoso, e sempre sedento de mais poder. Além disso, é obcecado por Lois Lane e não lhe dá um minuto de sossego.
Nesta história, Lex encena um ataque terrorista ao seu barco durante uma festa de gala, apenas para atrair o Homem de Aço, de modo a que este salve o dia (ou melhor, a noite). No fim, tenta comprar os seus serviços, apenas para ter o herói a prendê-lo quando descobre a artimanha. E fica criada uma inimizade mortal.

O Super-Homem enfrenta uma versão distorcida
de si próprio
No nº 5, o Super-Homem começa a ser vítima de ataques encobertos patrocinados por Luthor. Num deles, o vilão consegue que clonem o herói. Contudo, e dado que não é do conhecimento público que o Super-Homem é um alienígena (a crença dos cientistas de Luthor é que o Super-Homem é mais uma humano com super-poderes), o processo corre mal e o clone, um "bizarro", como Luthor lhe chama, entra em degeneração muito rapidamente. Ainda assim, e tendo herdado as memórias do Super-Homem junto com os seus poderes, tenta, de um modo grotesco e desajeitado, tomar o seu lugar, o que leva a um confronto entre os dois e à destruição do clone. É a primeira aparição de uma nova versão do Bizarro, um dos inimigos tradicionais do Super-Homem. Mais tarde, viriam a surgir outras, mas isso é outra história... Numa piscadela de olho à continuidade antiga, a armadura espacial que o 1º atacante usa contra o Super-Homem é extremamente semelhante à armadura de combate clássica de Lex Luthor, a mesma que ele usava a partir das histórias antigas da sega de Lexor, o mundo governado por Luthor.

Mais revelações sobre a origem
Finalmente, no nº 6, a título de fecho da série, temos o regresso de Clark a Smallville, onde contacta com o espectro de Jor-El, o seu pai, e fica a conhecer o seu legado Kryptoniano. É um conto sobre o conflito entre a sua origem alienígena e a sua humanidade, em que o Super-Homem abraça em definitivo a última, dado que, mesmo concebido noutro mundo, foi na Terra que nasceu (a nave que o trouxe viajou com ele ainda em forma fetal) e foi a Terra que sempre foi o seu lar.

Como expliquei, nesta série as aventuras do Super-Homem recomeçaram do início, e com "regras" novas. A sociedade Kryptoniana passa a ser retratada como fria e estéril (o próprio Jor-El, ao admitir que ama a esposa, é uma espécie de excêntrico), e Kal-El não nasce em Krypton, como anteriormente, para ser enviado enquanto bebé - é enviado ainda durante a sua gestação (dado que os Kryptonianos abandonaram a reprodução natural) e nasce na terra. Os poderes do herói são "reduzidos" para o tornar mais humano e menos uma espécie de deus; aliás, aqui não há dúvida que o herói é um Clark Kent mascarado de Super-Homem e não o contrário. Os vilões da série passaram a ser mais modernos, sendo o mais notório Luthor, na sua encarnação magnata-criminoso. Curiosamente, temos um Luthor inicialmente com cabelo a ficar progressivamente mais calvo. Deixa de haver a antiga ligação Luthor jovem/Superboy que levou ao acidente em que ficou careca, porque deixa de haver "Superboy" - Clark só assume a sua identidade de herói em adulto. Outra das novas regras da DC é que o Super-Homem é, de facto, o único sobrevivente de Krypton, eliminando personagens como a Supergirl. Muitos dos personagens eliminados, contudo, viriam a ser reintroduzidos mais tarde em versões não Kryptonianas.

Mais tarde, com vários retcons e reboots parciais muita desta continuidade foi alterada de novo (incluindo o aparecimento de uma Supergirl Kryptoniana); ainda assim, a influência desta série manteve-se ao longo de mais de 20 anos, até à nova reformulação maciça do universo DC com as séries The New 52.

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