Benvindos!


Bem-vindos!

Neste blogue iremos encontrar (ou reencontrar) pedaços da imaginação e criatividade humana nas mais diversas formas e feitios - Livros, Banda desenhada, Cinema, TV, Jogos, ou qualquer outro formato.

Viajaremos no tempo, caçaremos vampiros e lobisomens, enfrentaremos marcianos, viajaremos até à lua, conheceremos super-heróis e muito mais.

AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


quarta-feira, 29 de maio de 2013

Mars Attacks

Em 1962, a empresa Topps lançou uma colecção de trading cards entitulada "Mars Attacks". Tratava-se de uma série de figuras que contava uma invasão marciana ao nosso planeta (Marte estava moribundo e os Marcianos precisavam de um planeta novo), causando devastação generalizada, até os humanos conseguirem contra-atacar.

A colecção foi considerada muito violenta para os padrões da época, tendo sido auto-censurada pela companhia antes do lançamento (levando a modificações radicais de vários dos cromos da colecção, especialmente a nível da arte), sendo que a própria companhia a lançou com o pseudónimo "Bubbles Inc." em pacotes com 5 cartões e uma pastilha elástica.

A colecção, contudo, tornou-se bastante popular, ganhando estatuto de culto nos anos seguintes, sendo que os cromos originais se tornaram bastante valiosos, especialmente atendendo à sua raridade. Ganhou nova popularidade nos anos 80 e 90, sendo desenvolvido um franchise, inicialmente com lançamento de BD pela Topps, mas, especialmente, graças ao filme homónimo de Tim Burton.
Actualmente, é alvo de produção de uma nova série de BD, desta vez pela IDW Publishing, que também relançou a série original dos anos 90 no título "Mars Attacks Classics".


Capa do livro, recreando as embalagens
originais dos anos 60
Este livro, da Abrams Comicart, comemora os 50 anos do lançamento da série original e conta com a colaboração de Len Brown (um dos criadores da colecção e escritor dos textos dos cromos) e Zina Saunders (filha de Norman Saunders, o pintor da série).

Começa por relatar a história de criação da colecção (inicialmente designada como "Attack From Space", tendo o nome sido alterado para ficar mais curto e ser mais apelativo), falando na polémica associada ao lançamento, as cartas de reclamação (alegadamente escritas a mando de pais e professores, dado que os miúdos que as escreviam aparentemente gostavam muito dos cromos).

Depois temos a reprodução dos 55 cromos (frente e verso, com as imagens recuperadas a partir das transparências originais) contando a história da invasão, cheia de temas pulp e clássicos dos filmes da série B (discos voadores, insectos gigantes, raios da morte, robots...), todos eles com anotamentos sobre o cromo e/ou sobre a série, dando informação adicional sobre os problemas associados à mesma em termos comerciais e sobre o atingimento do estatuto de culto.

Na secção seguinte temos a adição de uma série extra de 11 cromos lançada como complemento ao relançamento do colecção original no início dos anos 90, com alguns "momentos soltos" a serem acrescentados à  história original.

Finalmente, temos uma secção de extras com reprodução de arte mais contemporânea relativa à série, posters promocionais, concept art e versões alternativas de alguns dos cromos.
Um pequeno brinde para os coleccionadores...
O livro encerra com um posfácio de Zina Saunders acerca do pai, recordando como a própria gostava, em criança, de "melhorar" algumas das suas pinturas às escondidas, entre outras memórias.

Esta edição oferece ainda 4 cromos em cartão, exclusivos deste lançamento, com elementos adicionais da história.

Para fãs da série, é uma oportunidade óptima de possuir, ainda que sob a forma de reprodução, a série original integral sem ter de andar "à caça" (dispendiosa) na Internet. É também um livro engraçado para apreciadores do género "invasão extraterrestre série B".

domingo, 19 de maio de 2013

Man of Steel, de John Byrne

O ano era 1986. A DC Comics iniciara, recentemente, uma reformulação do seu multiverso através do evento Crisis on Infinite Earths (Crise nas Terras Infinitas).

A ideia era unificar os vários universos e as várias versões dos super-heróis, alguns dos quais acumulavam décadas de continuidade, muitas vezes contraditórias, e formar um universo novo e coeso, também de modo a facilitar a adesão de novos leitores, tentando simultaneamente não alienar os leitores de mais longa data.

O Super-Homem, naturalmente, foi um dos visados, e foi atribuída a John Byrne a tarefa de reimaginar o herói, adaptado aos anos 80, voltando à sua origem mas mantendo o que fazia do herói uma lenda.

E Byrne assim fez, nesta mini-série "Man of Steel", que depois teve continuidade nas publicações regulares do personagem. Ao longo de 6 números, Byrne recriou o personagem de acordo com os novos cânones da DC Comics.

A origem
Assim, no nº 1, temos o retrato do fim do planeta Krypton, com Jor-El, pai de Kal-El (o nome kryptoniano do nosso herói) a preparar uma solução de último recurso para salvar o filho - enviá-lo para um planeta retrógrado com uma população que os kryptonianos consideram bárbara... o planeta Terra, onde o bebé iria adquirir, graças ao sol amarelo, poderes que o iriam tornar um líder de homens, um semi-deus. Vemos a chegada da nave (na realidade, uma matriz de gestação com um propulsor), o nascimento de Kal-El na Terra e a adopção por um casal, Jonathan e Martha Kent, que o criam como seu filho, Clark Kent. Jonathan, quando Clark atinge a maturidade, revela-lhe a sua origem alienígena.
Anos mais tarde, Clark viajou pelo mundo a tentar fazer uso dos seus poderes para ajudar a humanidade, mas após ser exposto quando impediu a queda de um vaivém em Metrópolis, o que levou a que toda a gente "quisesse um pedaço dele", fugiu, num misto de horror e repulsa pelo comportamento dos outros, acabando por retornar a casa dos pais.
Surge, então, a ideia de criar uma identidade dupla - uma identidade heróica, em que Clark usa um fato colorido feito pela mãe, e que lhe permite usar os seus poderes a ajudar a humanidade sem necessitar de se esconder, e outra, uma identidade civil, que lhe permite viver entre os homens e levar uma vida normal.



Super-herói em início de carreira...
No nº 2, o Super-Homem começa a aparecer mais frequentemente em Metrópolis, a impedir crimes, a salvar vidas, entre outros feitos heróicos. A jornalista Lois Lane, uma das pessoas que ele salvara no vaivém, no número anterior, tem um "acidente", caindo à agua no interior do seu carro, levando a que seja salva pelo herói, com quem tem uma longa conversa... que ela utiliza para escrever um artigo sobre o Super-Homem, algo com potencial para ser a entrevista do século. Ou assim ela pensa, pois quando chega ao seu jornal, o Daily Planet, o seu editou já tem uma entrevista completa com o super-herói, escrita por um jornalista recém-chegado. O nome do jornalista? Clark Kent.

Primeiro encontro entre duas lendas

No nº 3, temos o primeiro encontro entre o Homem de Aço e Batman, em termos pouco amigáveis. O Cavaleiro das Trevas também foi alvo de um recontar da origem, no Batman: Year One de Frank Miller, e estava a ser redefinido como um personagem mais escuro. Juntos conseguem capturar a ladra Magpie; nesta fase o Batman ainda era um iniciante (tal como o Super-Homem), e apenas conseguiu que o Kryptoniano não o tentasse capturar mostrando-lhe ter em seu redor um campo de forças que, caso o Super-Homem o tentasse agarrar, faria explodir uma bomba que Batman tinha posto num inocente. O Homem de Aço alia-se contrariado ao Cavaleiro das Trevas, que no fim revela que a tinha colocado a bomba... em si próprio. Nesta fase, ainda estavam longe de desenvolverem a amizada que os viria a definir como "the world's finest".

Um novo Luthor, tão perigoso como antes
No nº 4 temos a primeira grande aparição de Lex Luthor. Para trás fica o "cientista louco" apostado em derrotar o Super-Homem. Nesta versão, Luthor é um empresário de renome, extremamente rico e poderoso, e sempre sedento de mais poder. Além disso, é obcecado por Lois Lane e não lhe dá um minuto de sossego.
Nesta história, Lex encena um ataque terrorista ao seu barco durante uma festa de gala, apenas para atrair o Homem de Aço, de modo a que este salve o dia (ou melhor, a noite). No fim, tenta comprar os seus serviços, apenas para ter o herói a prendê-lo quando descobre a artimanha. E fica criada uma inimizade mortal.

O Super-Homem enfrenta uma versão distorcida
de si próprio
No nº 5, o Super-Homem começa a ser vítima de ataques encobertos patrocinados por Luthor. Num deles, o vilão consegue que clonem o herói. Contudo, e dado que não é do conhecimento público que o Super-Homem é um alienígena (a crença dos cientistas de Luthor é que o Super-Homem é mais uma humano com super-poderes), o processo corre mal e o clone, um "bizarro", como Luthor lhe chama, entra em degeneração muito rapidamente. Ainda assim, e tendo herdado as memórias do Super-Homem junto com os seus poderes, tenta, de um modo grotesco e desajeitado, tomar o seu lugar, o que leva a um confronto entre os dois e à destruição do clone. É a primeira aparição de uma nova versão do Bizarro, um dos inimigos tradicionais do Super-Homem. Mais tarde, viriam a surgir outras, mas isso é outra história... Numa piscadela de olho à continuidade antiga, a armadura espacial que o 1º atacante usa contra o Super-Homem é extremamente semelhante à armadura de combate clássica de Lex Luthor, a mesma que ele usava a partir das histórias antigas da sega de Lexor, o mundo governado por Luthor.

Mais revelações sobre a origem
Finalmente, no nº 6, a título de fecho da série, temos o regresso de Clark a Smallville, onde contacta com o espectro de Jor-El, o seu pai, e fica a conhecer o seu legado Kryptoniano. É um conto sobre o conflito entre a sua origem alienígena e a sua humanidade, em que o Super-Homem abraça em definitivo a última, dado que, mesmo concebido noutro mundo, foi na Terra que nasceu (a nave que o trouxe viajou com ele ainda em forma fetal) e foi a Terra que sempre foi o seu lar.

Como expliquei, nesta série as aventuras do Super-Homem recomeçaram do início, e com "regras" novas. A sociedade Kryptoniana passa a ser retratada como fria e estéril (o próprio Jor-El, ao admitir que ama a esposa, é uma espécie de excêntrico), e Kal-El não nasce em Krypton, como anteriormente, para ser enviado enquanto bebé - é enviado ainda durante a sua gestação (dado que os Kryptonianos abandonaram a reprodução natural) e nasce na terra. Os poderes do herói são "reduzidos" para o tornar mais humano e menos uma espécie de deus; aliás, aqui não há dúvida que o herói é um Clark Kent mascarado de Super-Homem e não o contrário. Os vilões da série passaram a ser mais modernos, sendo o mais notório Luthor, na sua encarnação magnata-criminoso. Curiosamente, temos um Luthor inicialmente com cabelo a ficar progressivamente mais calvo. Deixa de haver a antiga ligação Luthor jovem/Superboy que levou ao acidente em que ficou careca, porque deixa de haver "Superboy" - Clark só assume a sua identidade de herói em adulto. Outra das novas regras da DC é que o Super-Homem é, de facto, o único sobrevivente de Krypton, eliminando personagens como a Supergirl. Muitos dos personagens eliminados, contudo, viriam a ser reintroduzidos mais tarde em versões não Kryptonianas.

Mais tarde, com vários retcons e reboots parciais muita desta continuidade foi alterada de novo (incluindo o aparecimento de uma Supergirl Kryptoniana); ainda assim, a influência desta série manteve-se ao longo de mais de 20 anos, até à nova reformulação maciça do universo DC com as séries The New 52.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Vader's Little Princess

No seguimento de "Darth Vader and Son", Jeffrey Brown traz-nos agora "Vader's Little Princess". Continuam as aventuras parentais de Lorde Vader, no intitulado "episode three and three quarters" da saga Star Wars.

Enquanto no volume anterior tínhamos as peripécias pai-filho com um Luke Skywalker em miúdo, neste volume as dificuldades vão mais além... Vader tem que criar uma filha, que passa de princesinha adorável a adolescente... rebelde.

Temos discussões sobre vestuário (ela que nem pense que vai sair vestida com o traje de escrava do Jabba), sobre o namoro com Han Solo (que Vader tem dificuldade em começar a compreender), pegas com o irmão Luke, etc.

Uma vez mais, Brown parodia situações famosas da saga (como Leia a protestar com Vader por congelar Han em carbonite, afinal tinha sido só um beijo), inclusivamente fazendo uso de frases célebres dos personagens - "Now, your Highness, we will discuss the location of your hidden laundry basket".

Material essencialmente dirigido para fãs, não deixando de ser uma homenagem a todos os pais com filhas complicadas...