Benvindos!


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Neste blogue iremos encontrar (ou reencontrar) pedaços da imaginação e criatividade humana nas mais diversas formas e feitios - Livros, Banda desenhada, Cinema, TV, Jogos, ou qualquer outro formato.

Viajaremos no tempo, caçaremos vampiros e lobisomens, enfrentaremos marcianos, viajaremos até à lua, conheceremos super-heróis e muito mais.

AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Van Helsing

Van Helsing, de Stephen Sommers, é, essencialmente, um filme de pipoca.

Mas é um bocadinho mais que isso.

É um filme de acção/aventura, mas baseado em histórias de fantasia/horror. Mais concretamente, e porque é uma produção da Universal Pictures, baseado nos filmes de horror dessa produtora. Pelo menos, nos três Universal Monsters mais famosos: Drácula, o monstro de Frankenstein e o Homem-Lobo, estrelas de filmes clássicos nas décadas de 1930 e 1940, por vezes em crossovers a misturar 2 ou até os 3 personagens.

Van Helsing, herói de acção

Vemos logo no início um piscar de olho a esses filmes antigos; os primeiros minutos do filme recriam a atmosfera dos mesmos: imagem a preto e branco, um castelo imponente, um reencenar da cena em que o Dr. Frankenstein dá vida à sua criatura ("It's alive! It's alive!!!") com uma multidão furiosa e sedenta de sangue à porta, uma aparição do vampiro mais famoso de todos os tempos e a aparente destruição da criatura de Frankenstein num moinho em chamas.

O enredo é relativamente simples, embora combine bem os monstros e o herói, pelo menos tão bem como seria de esperar num filme deste género. Passo a explicar (quem não quiser spoilers, pode parar por aqui):

Drácula, vampiro-mor e flagelo da Transilvânia, indestrutível pelos meios habituais usados para matar vampiros menores, vive com as suas 3 noivas (vampiras) num refúgio secreto. Como bom marido, tenta criar família, mas tem alguns obstáculos. Embora as suas noivas ponham um monte de ovos gelatinosos depois do acasalamento (estamos a falar de centenas), cada um com um vampirinho (tipo gárgula pequenina, mas mais engraçados) lá dentro, há um pequeno mas importante problema - os vampiros-bebé não se aguentam e têm uma propensão incómoda para explodir. Isto, provavelmente, porque os vampiros são mortos-vivos e como tal, não conseguem criar vida nova adequadamente. É preciso arranjar uma solução.

Drácula, o vilão do filme e velho companheiro
de copos de Van Helsing

É aí que entra o bom Dr. Frankenstein, estudioso da vida, da morte e tudo o que está pelo meio. E um incompreendido para a época, cuja necessidade de saquear campas para obter material para a sua pesquisa nem sempre é vista com bons olhos pelos tradicionais camponeses que povoam estes filmes. Ok, não é "nem sempre". É "nunca". Vai daí, o cientista não só é persona non grata em praticamente todo o mundo civilizado como lhe faltam os meios para avançar na pesquisa. Meios esses que o nosso conde faculta de bom grado, dado que planeia usar os resultados de Frankenstein para tentar encontrar a solução para o seu problema.

O monstro de Frankenstein, completo com uma perna pneumática e um cérebro relampejante.
Chamar-lhe "monstro" é uma injustiça, dado ser talvez o personagem mais bondoso e gentil do filme.


A coisa corre mal quando, logo após o cientista animar a sua criatura, o castelo é atacado pelos camponeses, Drácula e Frankenstein desentendem-se (acabando o bom doutor morto) e a criatura é aparentemente destruída, numa cena com muito choro e ranger de dentes por parte das noivas vampiras.

As noivas de Drácula. Num momento, encantadoras...
...e noutro, metem medo ao susto.


Entra em cena, então, Van Helsing. Caçador de monstros, persegue e mata Mr. Hyde nas ruas de Paris, antes de ser chamado ao Vaticano, onde está instalada uma Ordem sagrada que se especializou em combater... bem, monstros. Van Helsing, neste filme, é uma espécie de 007 sobrenatural (aliás, o próprio Carl, o frade que desenvolve armas, é reminiscente do Q dos filmes do James Bond); além disso, há vários elementos que sugerem que seja um anjo e não um humano - é essencialmente amnésico, é chamado "A mão esquerda de Deus", aparentemente combate o Mal desde a antiguidade e chama-se Gabriel (ou seja, não é o Abraham Van Helsing do costume). No QG da Ordem é destacado para a Transilvânia, para ajudar os últimos membros da família Valerious, uma família que jurou destruir Drácula, a cumprir esse objectivo.

Chegando lá, descobre que a família é basicamente Anna Valerious, já que o outro membro foi convertido num Homem-Lobo (Lobisomem, pronto...) e que agora serve Drácula.

Anna Valerious. A impor respeito.


Para abreviar, temos confrontos com os vários vampiros (começando por um ataque das noivas que, curiosamente, nas suas formas aladas parecem mais harpias que morcegos) e com o Homem-Lobo, a descoberta, captura e salvamento da criatura de Frankenstein, as revelações que Drácula só pode ser morto por um Lobisomem, que foi Van Helsing que o matou séculos antes e que Drácula é da linhagem dos Valerious.

Finalmente, Van Helsing, após ser contaminado com licantropia pelo Homem-Lobo, acaba por matar Drácula antes de ser curado com um antídoto. Anna morre no combate, mas com a destruição de Drácula, os espíritos dos Valerious podem finalmente sair do purgatório e ir para o Paraíso (este detalhe tinha a ver com um voto feito pelos ancestrais de Anna que a família só teria repouso eterno após a morte do vampiro).

O Lobisomem. Segundo Carl, "cheira a cão molhado"

Assim, a história tem os seus pontos de cliché e até é um bocado forçada, mas o conjunto final até é engraçado - desde que tenhamos em vista que é um filme apenas para entreter. E como expliquei, tem os seus pontos interessantes. A homenagem aos filmes de terror antigos, a combinação de vários personagens de "linhagens" diferentes na mesma história, de uma forma coesa, o ambiente soturno perfeitamente adequado ao conto e um Drácula que, bem ou mal interpretado (as opiniões divergem), parece efectivamente um príncipe romeno.

Definitivamente, para ver com uma tigela de pipocas à frente.

Carl, o frade inventor de armas e companheiro de viagem de Van Helsing. O comic relief
do filme. Insiste em lembrar que é um frade e não um monge, para se safar com algumas patifarias.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Batman The Movie - O jogo de ZX Spectrum

Cavando no fundo do baú da memória, está um pequeno tesouro... este jogo.

 Tem um valor afectivo muito grande para mim, não só por ter sido um dos primeiros jogos que joguei como por ter sido o meu primeiro jogo de computador de sempre. Quando recebi, em miúdo, como prenda de Natal o meu ZX Spectrum +2 (o 128K com leitor de cassetes incorporado), este jogo vinha como oferta.

Passei tardes a jogá-lo (era ainda muito novo para fazer noitadas de jogos vídeo; por outro lado, tinha tardes livres). Já adorava o filme do Tim Burton - vira-o uns meses antes no cinema - e delirei com a hipótese de poder encarnar o personagem nas sequências principais do filme.

Assim, após os mandatórios minutos de risquinhas a chiar enquanto o jogo carregava (o mítico procedimento de carregamento no Spectrum), entrávamos em grande em 5 níveis de acção. Bem, na realidade, 4 de acção e 1 de puzzle, mas que não era menos stressante, mas já lá vamos.
Este ecrã era o prenúncio de grandes aventuras...

Então, em que consistia o jogo?

Nível 1 - A primeira sequência de acção era um nível tipo plataformas, cujo cenário era a fábrica de produtos químicos Axis, que o Jack Napier (o futuro Joker) estava a assaltar. Assim, tínhamos de a atravessar evitando (ou, preferencialmente, incapacitando com um batarang) os capangas que nos alvejavam ou atiravam granadas, e desviando-nos de gotas de produtos corrosivos e gás tóxico que saíam da canalização deteriorada. No fim do nível, uma cacetada no Napier, que mergulhava em cheio numa tina de produtos tóxicos, et voilà! Eis que nasce o Joker.


Ok, vamos lá ver se encontramos o Jack de uma vez...

Nível 2 - Perseguição com o Batmobile. Pessoalmente, o nível a que eu achava menos piada. Tínhamos de fazer uma corrida contra o tempo através das ruas de Gotham, evitando colidir com outros carros e fazendo curvas a 90º antes de dar de caras com as barreiras policiais. Não tinha grande piada e por vezes tornava-se irritante.

Era de esperar que o Batmobile conseguisse abrir caminho à força
neste engarrafamento... Espera, isso era no filme seguinte.

Nível 3 - Decifrar o código do Joker. Ou seja, encontrar os produtos de higiene/beleza que, combinados, criavam o composto smilex, que era de morrer a rir (literalmente). O único nível de puzzle. Atendendo a que tínhamos 1 minuto para decifrar o código, e que a música era enervante, a premissa simples de encontrar os 3 produtos venenosos num rol de diversos produtos de higiene e beleza às vezes complicava-se, e zás - lá perdíamos uma vida. O mecanismo também era simples... seleccionar 3 produtos de cada vez, e aparecia o número de produtos que faziam parte da combinação, à moda do MasterMind. Dedução a contra-relógio.

Nunca mais tornamos a confiar nos produtos de higiene... O melhor é mesmo ficar a cheirar mal!
Alguém está mesmo convencido de que o sabonete está envenenado...

Nivel 4 - Ataque ao desfile de Gotham com a Batwing. Ou seja, cortar balões de gás venenoso e desviar-nos de helicópteros, ao som de música de circo. Um nível de scroll lateral como o do Batmobile, mas bem mais engraçado. Só tinha pena que não tivesse hipótese de usar armas...

"Os meus balões! Ele roubou os meus balões"

Nível 5 - Escalar a torre da Catedral de Gotham. Recriação da parte final do filme. Num nível de acção em plataformas, semelhante ao primeiro nível, tínhamos de chegar ao cimo da torre para, usando de um batarang bem aplicado, impedir o Joker de fugir, fazendo-o cair alegremente. Jogava-se como o nível da fábrica, mas aqui o cenário era mais difícil... Além dos capangas, tínhamos ratazanas (uau!) e, bem mais frustrante, partes do cenário que se desintegravam (madeira podre!), o que não só nos impedia de voltar atrás se nos enganássemos, como podia provocar a nossa morte súbita por cairmos de muito alto.

A torre era bem alta... Mesmo que não apanhássemos o Joker, depois
de tanta escalada, já não tínhamos de ir ao ginásio por uns dias.

O jogo era viciante, e para primeiro jogo, teve o mérito duvidoso de me "estragar" muitos dos jogos seguintes devido à sua qualidade, que colocava a fasquia elevada. Graficamente, e também do ponto de vista de música/som, era um jogo que já explorava bem os recursos do Spectrum - era concebido com o 128K em mente, embora corresse num 48K, com as respectivas penalizações em termos de performance musical, e obrigando a carregar nível a nível em vez de colocar tudo na memória de uma vez.
A variedade dos níveis era outro ponto alto, algo que a Ocean (a equipa que desenvolveu o jogo) gostava de fazer nas suas adaptações (tal como acontecia, por exemplo, na conversão do Robocop a jogo de Spectrum).
Tinha alguns detalhes engraçados, como o health meter, que consistia na cara do Batman e se ia transformando na cara do Joker à medida que íamos sofrendo danos, ou a maneira como o Batman se ajoelhava quando queríamos descer de uma plataforma...

Foi um jogo que me deixou uma impressão duradoura, e talvez um dos culpados por me criar "o bichinho" dos video-jogos. Ainda hoje tenho vontade de ouvir a musiquinha do ecrã de opções e de carregar simultaneamente na combinação de teclas que permitia saltar para o nível seguinte: C+I+K+M

domingo, 14 de abril de 2013

Fuga Para a Lua

Panorâmica com os pontos altos do filme.

Para quem gosta da onda de filmes de ficção científica série B dos anos 50, sugiro o "Fuga Para a Lua" ("Missile to the Moon", no original).

Produzido em 1958, conta-nos uma história engraçada, à moda da época:

Um cientista produz uma nave (ou "míssil", como ele próprio o designa), capaz de levar pessoas ao espaço. O governo dos EUA, mais propriamente, os militares, decidem apropriar-se do projecto.
Entretanto, dois foragidos de uma prisão próxima entram nas instalações e escondem-se no foguetão. O cientista descobre-os e, como é óbvio, em vez de os entregar, decide recrutá-los meio à força para um lançamento à revelia das autoridades (o que é sempre uma jogada vencedora).
Durante o lançamento, o assistente do cientista e a sua mulher vão investigar a nave e ficam lá presos.
E lá vão eles todos, a caminho da Lua.
Já a meio do caminho, e na sequência de uns embates contra meteoros, o cientista, portador de um misterioso medalhão de diamantes, fica mortalmente ferido. Antes de morrer, deixa uma mensagem ainda mais misteriosa ao assistente - têm de aterrar obrigatoriamente nas coordenadas pré-programadas. Antes de libertar o seu último fôlego, ainda fala de uma mulher que ninguém sabe quem é, a sua "Lido" (ou "Ledo", depende da legendagem).
Os 4 elementos restantes aterram na Lua, apenas para serem atacados por homens de rocha e aranhas gigantes e encontrarem um monte de mulheres azuis (na versão recolorida).
Encontram a misteriosa Lido e descobrem que as mulheres azuis são as sobreviventes de uma civilização selenita que está à beira da extinção, dada a progressiva esterilização da Lua. Felizmente, na cratera ainda há oxigénio, sempre lhes poupa o esforço de andarem de fato espacial. Descobrem ainda que o cientista que criou a nave era um emissário dessa civilização que fora enviado para a Terra décadas antes, para apurar se as mulheres azuis se podiam mudar para lá.
O resto do filme mostra os actos heróicos dos tripulantes para tentar impedir que as mulheres azuis tentassem invadir a Terra (apesar de aparentemente serem tão poucas que podiam usar o foguetão) e ainda ver se podiam trazer alguns diamantes.

A misteriosa Lido...


...e as restantes Selenitas. Se bem percebi, o elenco eram várias "Misses"
dos EUA. Se fosse hoje, provavelmente seriam escolhidas "Top Models".
 
Pareço um bocado... jocoso? É mesmo porque o filme não dá para levar a sério. É divertido, mas envelheceu mal. Se é que nasceu bem. Os efeitos visuais são básicos. As criaturas da rocha não podem dizer que, quando foram feitas, partiram o molde - são todas iguais, só com pinturas diferentes - e movem-se meio aos saltinhos meio aos abanões. As aranhas parecem marionetas e o terreno da cratera é suspeitamente parecido com uma pedreira ou um desfiladeiro terrestre. Céu azul incluído. Ah, mas pelo menos há as pinturas nas janelas a tentar dar a ideia de cidades em ruínas, e as mulheres azuis (na versão a cores), sugestivas de cianose por falta de oxigénio.
E os actores são... bem, à falta de outro termo, maus. Interessantes as poupas à James Dean dos dois foragidos, para darem ar de rebelde sem causa, suponho.
Uma delícia!

As aranhas eram terríveis. Mas não no sentido que os produtores pretendiam...


Agucei-vos o apetite? Espero que sim. Experimentem o filme. Mas não o levem a sério, como já disse. A ideia é divertirem-se. Encontrei-o num cesto de promoções numa loja, e era o lugar certo para ele...

O que é melhor que uma película da série B dos anos 50? É uma película
da série B dos anos 50 com colorido artificial!