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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

The Shining

Revi recentemente o filme The Shining, realizado por Stanley Kubrick e baseado no livro homónimo de Stephen King.

Sendo um filme de 1980, tem alguns aspectos um bocado datados, mas continua a ser um bom filme para se passar um serão. Isto, claro, para quem gosta de filmes de terror.


"Heeeeeree's Johnny!"



O filme conta-nos a história de Jack Torrance e família (a mulher Wendy e o filho Danny), que ficam encarregados de fazer a manutenção do Hotel Overlook, nas montanhas do Colorado, durante um Inverno, enquando o mesmo está encerrado e, excepto pela família, deserto.
Até aí, tudo aparentemente OK, não fosse haver algo de muito errado com o hotel...

Danny tem um dom raro - uma forma de percepção extra-sensorial a que na história chamam "the shining" (na minha versão em DVD, o "resplandecer") que lhe permite comunicar mentalmente com outras pessoas que têm o mesmo dom (tal como Dick Halloran, o cozinheiro do hotel, que é quem lhe diagnostica o dom e lhe ensina algumas coisas sobre ele) e ver coisas que não deviam ser vistas - os fantasmas do hotel, e outros "vestígios".
O miúdo ainda prevê o futuro - e recebe avisos sobre o mesmo através de Tony ("o rapaz que vive na minha boca"), que fala com ele quando não está ninguém por perto.

Antes de começarem a sua estadia, Jack é avisado que um antigo zelador, 10 anos antes, a sofrer de "cabin fever", matou a mulher e as filhas quando estavam a tomar conta do Hotel, o que não demove Jack de aceitar o trabalho.


As irmãs Grady


Assim, no início, tudo corre bem. Jack e a família ficam confortavelmente instalados num hotel clássico (um bocado moderno para um hotel de 1909, mas atribuo isso a eventuais remodelações), Wendy ajuda o marido na manutenção, alternando com algum tempo de diversão com o filho a explorar o labirinto de sebes que é uma das atracções locais e Jack aproveita para tentar escrever.

E aí as coisas começam a correr mal. Danny começa a ver frequentemente os fantasmas do hotel, e chega a ser atacado por um. Jack, por outro lado, começa a deteriorar-se e a beber, tendo acessos de violência, e também a interagir com os fantasmas - mais concretamente, a ser influenciado por eles. Wendy, por outro lado, quer ir embora e levar o filho. Danny consegue chamar, usando o "shining", Halloran, que se encontrava na Florida a passar férias, para que os vá socorrer.

Com isto, começa a sequência final. O fantasma de Grady (o antigo zelador que matou a família) explica a Jack que o seu filho é "muito talentoso" mas que está a tentar trazer elementos de fora (Halloran) para interferirem, e que Jack devia pôr a mulher e o filho na ordem. Jack começa a perseguir a família e a tentar matá-los, entretando Halloran chega - apenas para ser morto quase imediatamente com uma machadada no peito, mas providenciando um novo veículo de neve que vai permitir a fuga de Wendy e Dan (Jack destruíra previamente o veículo do hotel). Jack ataca Wendy, mas esta consegue repeli-lo, e vira-se para Danny, que foge para o labirinto de sebes, coberto de neve, acabando por despistar o pai, que acaba por morrer gelado no labirinto.

Numa cena final ambígua, vemos uma fotografia do baile do 4 de Julho de 1921, onde Jack está presente, não sendo claro se o mesmo se tornou um fantasma do hotel (com efeitos retroactivos) ou se, de alguma forma, era a reencarnação de alguém que já lá pertencera...

O filme tem, como referi, alguns pontos fracos. O alcoolismo e a carreira de escritor falhado de Jack não são abordados (pelo menos, explicitamente), o que ajudaria a compreender a facilidade com que se o personagem se afundou. O fenómeno de shining e os fantasmas do hotel são abordados muito superficialmente (tendo um peso maior no livro), e toda uma série de incidentes periféricos são ignorados (aí percebe-se, dados os limites da transição para filme, mas acho uma pena de qualquer modo); o final é alterado radicalmente (no livro nem havia labirinto) e parece um bocado apressado em contraste com o resto da história (por vezes um pouco ténue).
Tal não tira os méritos ao filme, em todo o caso. Apesar de termos pouco tempo de antena para Shelley Duvall (Wendy), em que maioritariamente actua pouco expressiva, redime-se na parte final, quando luta para se tentar salvar e ao filho. Aí, o facto de não ser uma actriz nada bonita (na minha opinião, claro), até ajuda.
Danny Lloyd (Danny) também faz o seu papel bastante bem; sendo possível considerá-lo o ponto central da história, é um personagem que não me diz muito (sou parcial por Jack), mas pelo menos, as cenas em que viaja de triciclo pelo hotel são das melhores do filme, e contribuem imenso para criar a atmosfera de isolamento num local enorme e progressivamente mais ameaçador.


Danny depara-se com as irmãs durante as suas explorações.


Mas a estrela do filme é, sem dúvida, Jack Nicholson no papel de Jack Torrance. Com um desempenho que parece um pouco forçado ou artificial no início (talvez de propósito, para transmitir a ideia de um Jack falsamente equilibrado, ou talvez não), rapidamente descarrila para uma espiral instável de loucura e violência, de uma forma perfeita - uma das cenas em que está sozinho no salão a fitar o vazio é, para mim, tão perturbadora como as cenas em parte para a agressão com um machado, quase dá para sentir "os fusíveis a queimar". Os diálogos com os fantasmas do hotel também estão impecáveis, ainda que um pouco "over the top".
Finalmente, nos seus momentos finais, Jack reverte para um estado animalesco, perfeitamente bem conseguido. Fora do labirinto, só se ouvem uivo e urros inarticulados.

Mesmo com os problemas que acima menciono na adaptação do livro original (o próprio Stephen King não ficou satisfeito com a adpatação ao cinema, tendo mais tarde desenvolvido uma mini-série de TV, mais fiel ao livro) o filme não deixa de ser uma história de horror bem conseguida, e um dos meus favoritos dentro do género. Um filme que gosto de revisitar ocasionalmente.


O fim de Jack.


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